quarta-feira, janeiro 05, 2011

Daí aprendi que endireitar demais é sinônimo de estragar.

Penso muito bem no que eu vou fazer para não ter que lidar com consequências indesejáveis e, caso faça uma má escolha, não quero que ninguém pague ou seja influenciado por elas, por isso nunca escolho nada que eu não possa desfazer. Parece o óbvio. E é óbvio. Só que a maioria das pessoas não faz isso, tomam qualquer decisão de qualquer jeito e depois, invariavelmente, se arrependem e acham que são coitadas por causa disso. Não são. Escolheram errado, assumam o erro e não queriam tratamento especial por causa dessa escolha. O mundo não é, e nem deve ser, dividido entre os irresponsáveis e os responsáveis. É egoísmo? É. Muito. Fez, responde pelo que fez. Todas as escolhas trazem consequências. Até não fazer nada é uma escolha. Andei reparando que sempre que temos uma decisão importante a tomar ficamos entre o que é o certo a fazer o que queremos fazer. Nunca, ou quase nunca, o que desejamos é o correto. Eu, quando tenho uma decisão dessa a tomar me rendo a minha vontade, mesmo deixando minha consciência dolorida. Sou fraca nesse ponto. Simplesmente isso, não tenho força de vontade nenhuma para resistir a maioria dos meus impulsos e nem quero. Muitas vezes sei que é errado o que eu estou fazendo e que as consequências não valem o risco, mas...  Por outro lado valorizo e apoio quem faz diferente, prefere fazer o certo, por mais difícil que seja, a fazer o que se quer. Sei que é difícil e normalmente fica aquele gosto de "e se...", por isso eu dou o máximo de força que posso a fazerem o certo. Apenas nesse aspecto que eu faço o certo, mesmo que a decisão da outra pessoa fazer o certo não me deixe feliz.
Os problemas aparecem na nossa vida com uma única missão: para que possamos encontrar uma solução. Se bem que a maioria dos problemas não aparecem, de um jeito ou de outro, nós que os causamos. A outra parte alguém causa para a gente, mesmo sem intenção. Mas uma vez que o problema aparece, devemos resolvê-lo o quanto antes, caso contrário vira uma bola de neve e vai agregando outros problemas até que é transformado num verdadeiro inferno sem saída. Por isso eu odeio deixar as "coisas como estão" ou a cargo do tempo. Sou da opinião que tem que chegar lá e fazer o que tem que ser feito, não importando se vamos gostar ou não de fazer. Nem sempre a necessidade é prazerosa. O  que deve ser feito, normalmente, é justo aquilo que não queremos fazer. Mas se não há outra maneira de ser, que vença a necessidade daquilo que não queremos fazer, mas que deve ser feito. Por experiência, sei que as decisões que tomamos num primeiro momento são as mais acertadas. Quando não são é apenas porque não estamos a par de toda a situação. Então para que esperar? Toma-se uma decisão e segue com ela em frente para ver o que vai dar. O máximo que pode acontecer é se trocar um problema por outro. Com tantos problemas e tantas limitações, acabei aprendendo  a viver sem a atenção do outros. Até prefiro passar despercebido, que não olhem nem me notem por nada além do que eu sou. Por outro lado, observo muito o mundo ao meu redor e procuro sempre fugir de quem faz tudo desesperado por atenção. Não gosto de gente assim, chamativa, espalhafatosa ou, no pior dos casos, carentes. Detesto gente carente, mesmo. Esse tipo de pessoa quer monopolizar a atenção e acha que tudo que fazemos é direcionada ou por causa dela. Passa a vida prestando atenção no que os outros fazem e criando links imaginários (e estapafúrdios) para relacionar o que nós fazemos com o que eles fizeram para sonhar que tem gente prestando atenção nelas. Patético. O tempo que perdem fazendo isso poderiam estar cuidando da própria vida, tentando mudar as coisas que as incomodam e sendo mais felizes. Por eu olhar tudo, procurar os detalhes, acabo vendo o que essa pessoas fazem também, o que elas não aceitam é que olho para o que elas fazem com a mesma atenção que dou a uma folha caindo de uma árvore na periferia do meu campo de visão. Não me acho uma pessoa legal. Sério mesmo, sei que sou chata, implicante, faço as coisas serem do meu jeito, não me importo com (quase) ninguém, etc. O problema é que por mais que eu fale isso, as pessoas não percebem isso, ou fingem que não percebem. Esse povo é muito masoquista e está carente de qualquer um que finja se importar e faça alguns, poucos, pra não dizer raros, momentos serem agradáveis. Muita gente com quem convivo e quero diminuir essa convivência, ou mesmo me afastar, está cada dia mais próximo, mais grudado. Trato mal mesmo, exagero qualquer coisa para criar um problema, uma discussão e... nada. Sempre me perdoam, sempre assumem os erros que não cometeram só para me dar razão, sempre tentam justificar alguma atitude errada minha com um motivo esdrúxulo. Se não me achassem tão "legal" - ou as pessoas não fossem tão carentes - a vida seria mais fácil, pois iria ser simples se afastar ou afastar alguém, as pessoas seriam mais felizes pois não se forçariam a aceitar algo que não gostam, que não faz bem.
Queria que as pessoas me vissem como realmente sou, não se deixassem confundir com educação e habilidade política no jeito de tratar os outros. Sou uma velha. Sei e aceito isso numa boa. Às vezes falo isso e as pessoas não entendem, dizem que pareço mais nova, que minha idade não é tanta assim e outras coisas desse tipo. Mas eu sou uma velha. Não dizem que a idade está na cabeça? Então, minha cabeça é de velha, tenho valores e pensamentos de velha e me surpreendo sempre como as coisas mudam. Sim, eu sou uma velha, penso como velha e tenho velhos valores, os quais eu prezo muito. Mas vejo que daqui a algum tempo eu vou ser obrigada a me adaptar ou não terei relacionamento nenhum. Mesmo que eu não faça nada demais, vou ser obrigada a aceitar.
Acho que eu vou morrer sozinha num asilo. Salvo, se eu aprender que endireitar demais é sinônimo de estragar.

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